Casa participa de forum shakespeare no RJ e recebe Entelechy em Londrina

O grupo teatral da Casa das Fases participa de 20 a 23 de novembro do Forum Shakeaspere no Rio de Janeiro. O encontro é uma iniciativa do People’s Palace Projects com patrocínio do British Council e faz parte das celebrações dos 25 anos do Grupo Nós do Morro e da Casa das Fases.

A Casa das Fases foi criada em 1986 em Londrina pelo diretor João Henrique Bernardi. Atualmente o grupo é formado por 10 atrizes com mais de 60 anos que realizam projetos ligados ao teatro e ao envelhecimento. A Companhia apresentou-se em seis países e diversas cidades do Brasil.

Dentro da programação do Fórum, a Casa das Fases e sua “companhia-irmã” Entelechy Arts, de Londres, participam de um workshop com Cicely Berry, da  Royal Shakespeare Company (RSC), uma das mais prestigiadas companhias teatrais britânicas do mundo. Um dos objetivos do encontro é trabalhar trechos da peça “A Tempestade”.  Os grupos planejam reunir os atores brasileiros e ingleses, que encenarão uma das últimas peças escritas por Shakeaspere.

No dia 23 de novembro, todos se reúnem para uma apresentação e um debate no teatro da Academia Brasileira de Letras, integrando os atores do  Nós do Morro, Casa e Entelechy.

Em seguida, de 24 a 28 de novembro, o grupo Entelechy viaja para Londrina para um intercâmbio  com ensaios, confraternizações e reuniões para definir as etapas da montagem.

O início de uma amizade entre Londres e Londrina

David Slater, diretor do grupo inglês Entelechy Arts, visita a cidade para conhecer o trabalho da Cia. de Theatro Fase 3. Grupo londrinense deve estrear peça no Filo

 

David Slater, diretor do grupo inglês Entelechy Arts, está em Londrina para conhecer o trabalho da Cia. de Theatro Fase 3. O intercâmbio é promovido pelo Ministério da Cultura, através do projeto Pontos de Contato – Intercâmbio Cultural Brasil – Reino Unido.

Sem dúvida, há pontos de contato entre os grupos de Londres e Londrina. O Entelechy Arts foi criado há 20 anos; a Fase 3, há 24. Ambos trabalham com artes cênicas. Ambos reúnem pessoas com mais de 60 anos que não tiveram experiência teatral anterior. Ambos têm integrantes de diferentes gerações e origens sociais. Não foi por acaso que, ao entrar na Casa das Fases, sede da Cia. Fase 3, Slater disse: “Parece que estou chegando em casa!”

O diretor chegou no dia 1º e ficou bem impressionado com o ambiente da Casa das Fases, que há oito meses está em novo endereço, na Rua Lindóia, Jardim San Remo. “Eu gosto da ideia de se fazer teatro numa casa. Aqui há uma combinação de teatro, hospitalidade e intimidade”, comenta Slater.

No sábado, Slater assistiu a um ensaio da peça Iemanjá de São Saruê, que deve estrear em junho, na programação do Filo 2010. “A peça fala sobre a solidão. É a história de uma mulher que perdeu seu marido – um pescador – e tem recordações sobre ele”, conta Slater. O britânico conseguiu entender o enredo da peça por dois motivos: a expressividade do elenco e a tradução simultânea feita pela neta da atriz Carmen Mattos. “Mesmo sem a tradução, eu sentiria a força do trabalho.”

Há dois anos, a Casa das Fases é um dos 2.500 Pontos de Cultura patrocinados pelo governo federal. A similaridade entre os trabalhos do Entelechy Arts e da Cia. Fase 3 proporcionou o intercâmbio. Sediado na região sul de Londres, o Entelechy realiza trabalho com pessoas idosas de diversas comunidades locais. São pessoas com origem britânica, caribenha e africana – e que dificilmente teriam oportunidade de se conhecer na vida cotidiana. “Nosso grupo é um local de encontro para essas pessoas”, diz Slater.

Para Jandira Testa e Carmen Mattos, a Casa das Fases é até mais do que um ponto de encontro. Já faz parte da vida delas. Jandira, atual presidente da Casa, está no grupo há 22 anos. Carmen entrou na Fase 3 em 2000, quando a companhia apresentou uma elogiada versão da tragédia Antígona, de Sófocles, durante o Filo. “Nunca tinha feito teatro na minha vida. Meu último emprego havia sido de secretária numa clínica médica. Pensei que iria morrer de vergonha de subir no palco. Mas me senti muito à vontade. Quanto tempo eu perdi por não ter feito isso antes!”

O depoimento de Carmen é bastante parecido com as declarações dos participantes do Entelechy Arts, em Londres. Um deles afirma, no site do grupo: “Estou muito orgulhoso de mim mesmo. Eu nunca havia feito algo assim antes.”

Pela semelhança entre as duas realidades – em Londres e Londrina –, David Slater acredita que este “é apenas o início de uma grande amizade”.

(Paulo Briguet – Jornal de Londrina – publicado dia 6/4/10)